Encontro com Taily Terena
- 2 de dez. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de mai. de 2022
Em uma live da escola, Sofia e seus amigos tiveram a honra de conhecer a indígena Taily Terena. Filha de liderança indígena, Taily sempre se envolveu em causas que resguardassem os direitos do seu povo, valorização de sua identidade e contra o preconceito que sua comunidade sofre. Por isso, a jovem integra o grupo da juventude do Conselho Nacional de Mulheres Indigenas representando os Terena e sua cultura.
Assim, na live da escola, Taily contou diversas histórias do seu povo e respondeu as perguntas que as crianças tinham em relação à sua cultura.
Dessa forma, Taily passou para a turma um pouco de sua cultura.
Hoje, mostraremos os registros que temos desse momento:
Além dos vídeos, temos o registro de algumas falas da Taily para as crianças:
Estrela = hêquêrê
Neta = Toita
Avô = Pacacú
Histórias do Avô
O Avô levou a neta pra conhecer a noite.
A neta ficou corajosa.
A noite a aldeia era muito escura, eles só viam a lua brilhando no céu. O Avô disse que a lua
é nossa avó e que a lua e as estrelas ensinam sobre o modo de vida do seu povo. A hora da
colheita, a hora de plantar.
O Avô dizia que a Arara trás sorte e o Tucano é o sonho que vai ter.
O Avô é um homem sábio e tem muito o que ensinar para neta. Taily Terena aprendeu que, em
qualquer lugar, o céu é o mesmo, e todos estão conectados seguindo a mesma lua e as mesmas
estrelas.

História dos pássaros
História antiga, mais antiga que a história anterior. A história é de quando as árvores e pessoas estavam aparecendo na terra. A águia e do urubu. No início as pessoas estavam perdidas. Parte das pessoas foram com a ãguia e a outra parte com o urubu. Os povos que foram com a água ficaram muito tempo sem ver os povos que foram com o urubu. Os povos que foram com a Águia só queriam produzir, crescer e acabaram destruindo o lugar onde viviam. Os povos que foram com o urubu, pensaram mais na natureza e como viver da natureza sem desperdiçar ou destruir. O encontro dos povos da águia com os povos do urubu causou muita guerra e muitas mortes. Foi muito triste - eles não lembram de onde vieram - disseram o urubu e a águia. Os dois choraram tanto que um dilúvio aconteceu na terra. Enquanto eles sobrevoavam a terra dançando, o vento das suas asas limpava tudo o que estava destruído. Assim, as pessoas conseguiram se ver iguais e perceberam o quanto é importante juntar a razão com os sentimentos, e todos ficaram felizes na terra. A gente é diferente e ai se completar pra cuidar do mundo como ele merece. Precisamos lembrar que o equilíbrio deve ser em todos os lugares: em casa, na escola....
Perguntas e respostas:
Você vive junto com a tribo (seu povo): Moro em Brasília com meus pais por conta da pandemia não tenho ido na aldeia. Quantos anos você tem e qual a sua língua: Tenho 27 anos e meu idioma é Terena Vou ensinar uma palavra no meu idioma: Unati = Oi Como é onde você vive: Tem casa como a cidade e muita árvore, muitos pássaros, jacaré, cobra, tamanduá ema e o pantanal. Vocês ainda usam arco e flecha: Só para artesanato. Com a exploração da cidade sobraram poucos animais e os que restam não caçamos.
Vocês usam dinheiro: Na aldeia eles plantam mandioca mas compram produtos sim da cidade Os sapatos são como os nossos: são iguais e eles compram roupas na cidade
Seu rostos e corpos são pintados? O que significa as pinturas: Usamos jenipapo e urucum pra fazer diferentes pinturas. As mulheres fazem uma pintura redondinha e os homens a pintura é um pouco diferente. Vocês tem parque para brincar: O nosso parque é a floresta. Na aldeia tem escola: Na aldeia tem escola e ensinamos no nosso idioma, por exemplo, ensinamos 2 + 2 no nosso idioma. Os seus colares: são feitos de sementes, dente de macaco, unha de onça. Tem pagé: não é pagé, se chama Coisomenoti, pessoa sábia da aldeia. Ele reza, sonha e ajuda com o sonho e sobre a vida do povo da aldeia. Atividades: As Mulheres cuidavam do filho e os homens cuidavam mais da roça. Hoje essas tarefas são mistas. Nas aldeias tem celular, computador: A maioria dos indígenas tem celular, computador e as vezes internet, mas nada disso muda a sua identidade. Já deu entrevista na Televisão: Não, somente na internet Pelo que você viaja: Viajo pelos direitos dos povos indígenas, trabalho defendendo seus direitos. Até que idade morou na aldeia: nasci na cidade Na aldeia tem gato e cachorro: Na aldeia tem gato e cachorro mas eles gostam de criar tatú, papagaio e macaco. Qual a sua brincadeira favorita: Subir em árvore Quantos países você já visitou: 13 países e os povos indígenas desses países Sente saudade da aldeia: Sim, sinto muita saudade da aldeia
Obs: Viajar para outro mundo só através dos sonhos na cultura dela e para outro país só de avião mesmo.
Quantas histórias você conhece: Conheço histórias o tanto de estrelas que tem no céu. As crianças nascem nas aldeias: Algumas mães são levadas para a cidade e outras tem o filho na aldeia com as parteiras. A tribo é aberta para visita: Pode visitar sim mas precisa avisar Você fica triste de ver pessoas fantasiadas com adornos indígenas: não tem problema, mas tudo tem um significado. Eu poderia fazer umas pinturas em vocês se estivéssemos na escola. Qual a sua comida preferida: Açaí com tapioca
Obs: já nadei no mesmo rio que um jacaré
Vocês fazem algum tipo de coleção: Sim de penas de pássaros que eles catam na mata e flores plantadas por nós Vocês comemoram aniversário: Sim comemoramos
Obs: nunca vi uma onça
Vocês fazem exercícios: Acho que caminhar na mata e nadar no rio pode ser considerado exercício.
Obs: Comemos riri de mandioca, é um bolinho feito na folha de bananeira e não, não tenho filhos.
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